Já rumei à Croácia por duas vezes. A primeira incursão foi a Split, em 2008, com chegada de barco.
Alguns anos mais tarde, em 2013, foi a Dubrovnik, no sul do país, próximo da fronteira com Montenegro.
A opção foi férias, descanso, relaxe. No entanto, as praias não encantam (muitas pedras) e o melhor foi a descoberta de duas regiões predominantemente turísticas.

A chegada a Split foi num barco de cruzeiros, proveniente da Grécia.
A primeira descoberta, a vista a partir do barco, dá algum encanto à cidade.
Ao longe, com o horizonte das montanhas, sobressai a torre da catedral. É enorme e quando a vamos visitar percebemos que se concentra ali muita da história da cidade. Desde o mausoléu do imperador Diocletian até a um altar com reliquias de um santo cristão. Hoje, a torre tem uma outra função: serve de guia a quem receia perder-se no labirinto das ruas e praças de Split.

O cais do porto de Split é grande, com muitas embarcações e a vida está facilitada. Só a partir do cais porque, no nosso caso, a marina estava repleta e tivemos de chegar por transbordo.
Do cais há transporte para o centro da cidade e pode-se regressar facilmente num autocarro de transportes urbanos.
Com sol e temperatura amena, dá para circular sdem grande esforço na zona antiga.
É um passeio pela história com a presença de vestígios gregos, romanos, góticos, barrocos..
Está classificada como Património Mundial pela Unesco.

Em algumas ruas, porque sinuosas, estreitas e com casas construídas de pedra e barro, parece que estamos em alguns bairros históricos de Lisboa. À semelhança de Lisboa, também em Split há muitas praças e algumas delas referenciadas a uma actividade comercial.
Estas ruas estão cheias de comércio, turistas e locais. Por vezes, formam-se concentrações de pessoas que torna o ambiente saturado. Nos principais pontos turísticos há vendedores ambulantes de artesanato, bebidas… o que dá mais colorido à vida urbana.
Noutros casos, músicos estão nas ruas ou no interior das muralhas e a sonoridade espalha-se, relectida pelas pedras.

Um dos pontos turísticos obrigatório é o Palácio de Diocleciano
Tão obrigatório que está quase sempre repleto. Pessoas a tirar fotos, grupos com o guia à procura de gente perdida, alguns sentados nas escadas a descansar e a contemplar as ruinas. O retiro do imperador transformou-se em poluição turistica..
São bem visíveis as ruinas da residência do imperador romano e de toda a estrutura construída em redor das quatro entradas do palácio.
Uma dessas entradas é através da Peristyle hoje transformada num praça com igrejas, áreas culturais e uma pausa para o café da manhã ou o lanche a meio da tarde.

Outra opção é comprar um gelado e saborear a frescura da brisa marítima na Riva uma avenida larga, pedestre, mesmo em frente à marina.
Aqui há restaurantes e esplanadas, dá para relaxar. As palmeiras alinhadas ajudam a dar um ambiente natural e a sombra é bem-vinda em dias de verão. Melhor ainda, há vários bancos alinhados ao longo da avenida e estratégicamente próximos das palmeiras.
Um pouco antes, no inicio desta rua, pode-se optar por um jardim com muitas sombras e lugar de espera do autocarro que nos leva de regresso ao cais.

Na parte interior da cidade, no lado oposto ao jardim, há uma enorme praça. O acesso é feito por um largo onde está a igreja de S. Francisco e o Bajamonti Dešković Palace, construido no séc. XIX e recentemente recuperado.
Também tem esplanadas e restaurantes mas o mais marcante são os edificios vermelhos todos recuperados e a vasta arcada dos dois lados da praça.
Um dos edificios é dedicado a actividades culturais.
Mesmo ao lado há um pequeno mercado. Aqui sim, vive-se um ambiente mais local, menos turistico.

Uma outra zona do interior da cidade que é obrigatório visitar é a parte norte das muralhas. Por dois motivos. Por um lado, as muralhas estão melhor conservadas. Por outro lado, tem de se fazer um desejo e tocar na estátua Gregory of Nin, do escultor croata Ivan Mestrovic que se naturalizou norte-americano e é uma das referências mundiais em escultura religiosa. Aqui, em Split, tem muitos adeptos porque nenhum turista deixa de satisfazer a curiosidade e tocar na estátua ou posar para uma foto ao lado da enorme criatura.
Fora deste rodopio, está lá no alto, todo verde, apenas cortado por uma muralha, o parque Marjan.
Tem uma excelente vista sobre a cidade e a marina. Fantástico para quem procura fotos de por do sol.
Na verdade, essa não foi a minha experiência. De certa forma, tive o privilégio de fotografar a partir do barco de cruzeiros, o que dá um olhar fantástico e romântico de Split.
Dubrovnik:

Visitei Dubrovnik em 2013 e serviu de plataforma para outras viagens nesta região. À Bósnia e a Montenegro. Após muitas horas de autocarro, Dubrovnik funcionou sempre como porto acolhedor.
Aquela que é considerada a pérola do Adriático é um dos principais pontos turísticos da Croácia.
Tem uma beleza natural fantástica e os passeios descobrem a sua história milenar e a função comercial que desempenhou de modo primordial.
Não é muito grande e dá para percorrer a pé a zona antiga.
Vários autocarros urbanos param na entrada principal da muralha.
Depois, é só percorrer a pé uma ponte de pedra e passar o arco que funcionava como porta.

Esta zona está preservada e, uma parte, foi reconstruída após a destruição provocada pelos sérvios e montenegrinos a partir de 1991.
Passar a porta da muralha é entrar num mundo onde se funde a arquitectura medieval, renascentista e barroca com lojas de souvenires para os milhares de turistas que visitam anualmente a cidade.
Esta área está classificada como Património Mundial pela Unesco.
Ruas estreitas, com pequenos portados. Umas mais sombrias e com grandes escadarias, outras com o sol a refletir-se nas pedras do casario. Muitas casas com estendais de roupa, gente à janela e muitas flores.
Os pisos térreos são predominantemente dedicados ao comércio e restauração.

Há restaurantes em todo o lado e até em lugares incríveis, como por exemplo entre o sopé da muralha e topo da falésia.
Arrepia, visto de cima. Interessante quando se está sentado numa cadeira, no meio das rochas que se agigantam frente ao Adriático. Vozes, musica e o rebentar das ondas são a expressão sonora do calafrio para os pessimistas.
No cruzamento das ruas percebemos que já passámos por ali, e é vaga a opção de se escolher virar à direita ou à esquerda.
Para algures porque o caminho é um novelo. Uma réplica de Alfama em Lisboa.
Pequenas praças são surpresa no final de uma rua, como também alguns edifícios dedicados a funções culturais e institucionais.

Nas praças maiores é onde estão os lugares de culto e os edifícios públicos com maior relevo. Museus, como por exemplo, o palácio Rectors.
Na altura da nossa visita tinha em exposição de mobiliário, pintura e trabalhos de fotografia sobre a guerra civil após a desintegração da Joguslávia.
Outra cena muito particular foi um turista azarado que partiu uma garrafa e o vinho escorria por um pilar da zona central. Os turistas sorriam pelo imprevisto, os empregados demoraram a reagir até perceberem o milagre do vinho. Uma nova performance, arte moderna...

O museu fica muito próximo da marina e do forte de S. João ou Sveti Ivan, a entrada este de Dubrovnik.
É um dos postais ilustrados da cidade, com o porto e as fortalezas defensivas.
Lugar de passagem frequente para quem visita Dubrovnik e quer contactar a vida local, pessoas a viajar de barco, pescadores, ou simplesmente saborear um gelado da gelataria que fica mesmo ao lado.
Do outro lado da fortaleza está um muro com bancos virados para o Adriático.

Bom para descansar mas com mar calmo. Quando a rebentação é mais forte há o risco de sermos envolvidos pela espuma que vagueia no ar.
O forte aloja o Museu Marítimo e o Aquário. A muralha circunda esta parte da cidade e as fortalezas de ambos os lados da entrada dão um ar imponente. Uma das vistas mais espectaculares desta zona é no miradouro que está na estrada, no alto da colina, pouco depois de se deixar Dubrovnik.

Durante o dia as ruas principais estão apinhadas de gente. Em particular a Placa ou Stradun, uma rua pedonal e que é também das zonas mais comerciais da cidade. Há ainda vários monumentos, igrejas, museus e muitas ruas perpendiculares que nos levam para as colinas.
À noite é mais sossegado e dá para jantar calmamente numa das esplanadas.
A cidade não tem grandes problemas de criminalidade, as recomendações são comuns a qualquer outra cidade europeia.

Um dos roteiros imperdíveis é circular pelas muralhas.
Saltar para a vista geral, com o casario a servir de horizonte.
As muralhas contornam quase toda a parte antiga e consegue-se ter uma percepção mais pormenorizada da cidade.
Das praças, das igrejas que se destacam com as suas torres.
Da forma como os locais abrem as janelas e varandas para contemplar a rotina, as crianças que jogam futebol num pequeno espaço entre casas e muralhas.

O percurso pode começar e acabar na fonte Onofrio, próximo da entrada Oeste. Lá do alto da muralha consegue-se ver a fonte numa perspectiva única.
A fonte tem 16 pedras cravadas por onde sai a água que, agora, é canalizada. Antes, a nascente estava a mais de uma dezena de km.
Ao lado é a bilheteira para a visita às muralhas ou para compra do passe que dá acesso aos vários monumentos. Habitualmente é um lugar muito frequentado e a fonte funciona como um dos lugares de descanso. Mau para os fotógrafos...

Este percurso demora algum tempo.
Com calma e com várias paragens, o passeio dura cerca de duas horas.
Uma das possibilidades é fazer o percurso de modo a terminar com o final do dia. A luz é espectacular. Para os fotógrafos a luz dourada a reflectir nas pedras das casas e da muralha, nos telhados, nas torres das igrejas… é uma oportunidade excelente para boas fotos. Além do mais, há pouca gente.

Um outro local recomendado para fotografar é o forte Lovrijenac.
A construção sobre um rochedo com quase 40 metros de altura é uma das principais fortificações que protegia o acesso à parte antiga de Dubrovnik.
Hoje aloja um museu e é um dos locais de visita, embora não seja muito fácil de descobrir o caminho.
Eu próprio tentei lá chegar e algumas vezes sem sucesso. Acabei por ir parar à Universidade, que fica um pouco acima.
De qualquer forma, não dei o tempo por perdido.
A universidade tem também um excelente miradouro. O horizonte abrange quase toda a cidade antiga.

Por outro lado, a partir da universidade há caminhos que permitem descer até uma zona muito reservada. De tal modo que tem uma praia natural, quase privativa. O caminho é sinuoso, muito inclinado e na zona urbanizada, junto ao mar, as ruas são estreitas.
As casas de pedra ficam quase coladas às rochas que funcionam como protecção das vagas do mar.
É também interessante a visita ao museu etnográfico, Rupe Ethnographic Museum, para se constatar a forma como os locais sobreviveram não apenas na sua relação com o mar mas também com a agricultura e a forma como conservavam os alimentos.

Das janelas do museu, situado numa das colinas da cidade, temos uma vista espectacular do casario em direcção à torre Minceta que é um dos postais ilustrados da cidade. No percurso pela muralha dá para subir ao topo da torre.
Fora do roteiro urbano um “must” é a visita à península de Lapad.
O motivo era descobrir uma praia de areia mas o que nos saiu foi uma beleza de encantar.

De facto, a praia não é nada de mais. Um areão, o habitual no Adriático. Por outro lado, o espaço não é muito grande e é muito frequentado.
O mais aliciante é o percurso a pé. Pela encosta e com vários bares e esplanadas nas escarpas. Alguns veraneantes ficam deitados nas rochas a apanhar sol, outros entram em pequenas piscinas naturais mas não deve ser muito confortável.
Conforme vamos subindo a colina, descobrimos recantos, acessos a zonas residenciais e, lá no alto, perto do Royal Princess Hotel, uma esplanada com vista para o mar cuja atenção fazia despique com um gato bebé.
Bom lugar para beber um café, repousar e ver os barcos de cruzeiro a chegar ou partir de Dubrovnik.

A ilha de Lokrum é outro lugar a visitar.
É uma alternativa para quem procura praia ou um passeio num parque.
Trata-se de uma reserva natural, com 76 hectares e fica a menos de um quilometro de Dubrovnik.
Serviu de cenário para algumas das cenas da Guerra dos Tronos.
O acesso pode ser feito de barco, a partir do porto de Dubrovnik. A viagem custa 60 kunas e demora 15 minutos.
Há várias viagens durante o dia mas atenção ao último regresso às 19h. A ilha não tem alojamento e quem não regressa fica desamparado.

A ilha tem várias piscinas naturais, por vezes com grupos de turistas e famílias locais (como também caranguejos, nas que estão junto ao mar).
Em algumas destas piscinas há estreitos e pequenas grutas. Uma das praias mais conhecidas é a dead sea.
Há vários roteiros pedestres e uma das referências é um prédio antigo que faz vizinhança com o jardim botânico.
Outra referência são os pavões.
Namoram os turistas ao abrirem a cauda e mostram com orgulho e prazer o colorido das penas.
Por ser um destino muito procurado por turistas, a Placa ou Stradun é quase uma sociedade das nações e o custo de vida é aceitável, nada de mais para um porta moedas de um viajante europeu.
Há restaurantes para várias bolsas. Muita comida local e italiana. Comida tradicional e fast food. Há ainda a possibilidade de comprar alimentos em supermercados. Na entrada principal para a zona antiga, próximo da paragem de autocarros, há duas lojas de venda de alimentos.

A maior dificuldade é no alojamento. Por vezes o standart médio está esgotado e as alternativas interessantes são difíceis de encontrar.
A primeira estadia foi no Adria Apartments próximo de Lapad. Bem equipado e não era caro. A família que explora o aluguer também era muito prestável.
O problema era que ficava numa colina, um pouco distante do porto e mais ainda da parte antiga da cidade.
No regresso da Bósnia estava quase tudo esgotado e decidimos ficar na zona do porto porque no dia seguinte seguíamos viagem para Montenegro. A paragem dos autocarros é mesmo ali. Optámos por uma hostel mas dormi vestido. O edifico de três andares tinha uma varanda para um jardim interior, muito bonito, mas estava degradado. O acesso à internet era intermitente e tive de subir ao terceiro piso para pagar porque não apareceu ninguém para cobrar a estadia. A senhora era muito simpático. O homem sisudo, tinha uma perna amputada, talvez, na sequência da Guerra civil.
O terceiro alojamento foi também na zona do porto, no hotel Petka. Boa qualidade e uma vista fantástica ao por do sol. Os quartos têm uma varanda para a zona do porto e ao anoitecer temos um horizonte de luzes cintilantes. Do reflexo na água e das casas que sobem a outra colina.

O regresso ao aeroporto foi num autocarro. Demora cerca de uma hora mas faz-se bem. O aeroporto fica a cerca de 20 km da cidade. Na chegada, a viagem para Dubrovnik foi de táxi e não é muito caro.
Circular na Croácia é fácil. Há muitos autocarros para vários destinos e alguns deles de longo curso. Circular à beira mar é interessante. Um pouco para o interior já se torna mais surpreendente. Devido às montanhas prepare-se para viagens com curvas sucessivas e paisagens deslumbrantes.